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PRIMEIRA FASE

Dia 5: 25.01.2021 | SEGUNDA-FEIRA

No último dia de pesquisa, antes de retornar a Recife, paramos para conversar com duas pessoas: a primeira dela é Roberto, indicado por Carol Gonçalves. E a segunda é Sabrina, filha de Tereza Cristina, dona da Funerária São Jorge, e vocalista da banda Capitalistas Soviéticos.



Robs é estudante de psicologia em Caruaru. Ele nunca trabalhou com jeans. Sua mãe trabalhou como costureira a vida toda e hoje é aposentada. O pai trabalha mais nos fins de semana. Ao fazer 18 anos, foi morar com a irmã em Caruaru e trabalhar em uma empresa de telemarketing. Adoeceu de tanto trabalhar e da pressão que sofria para ser produtivo. Teve depressão e ansiedade, ganhou muito peso, se alimentava mal e não conseguia dormir. Procurou um psicólogo, que o ajudou muito. Por conta disso, ele que sempre teve vontade de ajudar as pessoas, decidiu estudar psicologia. Robs perdeu o avô, que morava na casa da mãe junto com a família, para o coronavírus. Foi muito difícil para ele, sobretudo para a mãe, que dedicava boa parte do seu tempo para cuidar do pai. Ele conta que a parte mais difícil é não poder se despedir. Robs conta que sua mãe ficou sem chão quando, depois de perder o pai, perdeu um irmão para a covid. Ela ficou sem dormir, adoecida, muito mal mesmo. Só começou a melhorar quando uma amiga e vizinha a convidou para voltar a trabalhar com jeans em uma facção. Ela foi para se distrair, sem compromisso de produzir muito, e hoje está melhor. Robs trabalhou como voluntário na campanha de Carol para vereadora. Ele faz parte da juventude de Toritama que não quer saber de trabalhar com jeans e sonha com um futuro diferente para si e para seus amigos.



Em seguida, fomos à casa de Tereza Cristina conversar com sua filha Sabrina. Ela tem 17 anos, acaba de concluir o ensino médio e pretende estudar para fazer vestibular esse ano, mas não está fácil se concentrar nos estudos nessa época de pandemia. Mil coisas passam por sua cabeça. Ela pensa sobre o mundo, sobre a vida, sobre a nossa passagem pela Terra... E, desde que perdeu o avô para a covid, a quem era muito apegada, tem enfrentado dias ainda mais difíceis. Sabrina escreve poesias e letras de música desde criança com a irmã. Ela guarda tudo em cadernos e gosta de rever para relembrar ou rir de algumas coisas que escreveu muito nova. Aos 17 anos, passa por muitas mudanças típicas da idade, mas sem poder sair de casa. Ela sente falta da convivência com amigas e amigos. Há alguns anos, foi convidada para cantar na banda Capitalistas Soviéticos, uma banda fundada por garotos da escola que gostavam de discutir política, e sempre discordavam. A banda toca principalmente hard rock, mas também indie e, atualmente, por influência de Sabrina, música brasileira. Sabrina quer estudar psicologia em João Pessoa. Ela reclama que, enquanto jovem, se sente muito limitada pela indústria do jeans e conta que não tem uma turma grande em Toritama pois não se identifica com a maioria da juventude da cidade. Ela gosta de arte, o que não é muito comum na cidade. Ela se preocupa com as adolescentes que engravidam muito cedo, algumas são expulsas de casa, outras se casam, mas o destino delas é de pouca esperança. Sabrina gosta de ir ao santuário das pedras e está escrevendo uma música sobre o jeans e o destino das pessoas em Toritama.

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