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PLANO DE PESQUISA
"O que conduz sua pesquisa é sua hipótese de trabalho. Dentro dos limites de seu assunto, você deve tentar descobrir tudo aquilo que for dramático, atraente e interessante"
Rosenthal, A. (1988). New Challenges for documentary.
A nossa hipótese de trabalho, ou melhor, o nosso ponto de partida é um desejo-questionamento: reencontrar a cidade e as pessoas, para saber o que mudou e o que não mudou a partir deste momento histórico de ruptura que é a pandemia da covid-19. Voltamos a Toritama com a pergunta: o que aconteceu à cidade-fábrica que não pára quando o mundo inteiro teve que parar? Como as pessoas sobreviveram (e sobrevivem) a estes dias? A partir do reencontro com os personagens do filme ESTOU ME GUARDANDO PRA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR como Leo, Natalício, Adevane, Sandro, Canário, Pedro, Dior, Franciele, Seu João, Mikael, Isabele, entre outras e outros, incluindo personagens que participaram das cenas que não entraram no corte final como Seu Aurélio e Gaivota, vamos observar a cidade e seus moradores no pós-pandemia, ao mesmo tempo em que tentamos resgatar as relações que construímos com os personagens do filme anterior. Este nos parece um bom plano para tentar entender o cenário, descobrir o que mudou na vida das pessoas e criar oportunidades para conhecer novas histórias e personagens.

Em geral, as principais fontes de pesquisa para um documentário são: material impresso ou digital, material de arquivo (filmes, fotos, arquivos de som), pré-entrevistas e pesquisa de campo nas locações de filmagem. Para o nosso projeto, a princípio, a pesquisa se concentra nas pré-entrevistas e pesquisa de campo nas locações, além da pesquisa literária em matérias de jornais, artigos e livros sobre os possíveis temas que iremos abordar no filme.
 
Vamos realizar a pesquisa de campo e as pré-entrevistas em duas etapas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2021. Nos intervalos entre as duas, organizar e rever todo o material da pesquisa, fazer reuniões de roteiro, dar continuidade à pesquisa literária e fazer algumas pré-entrevistas remotas, caso seja necessário.


MAPEAMENTO DE TEMAS

Em Toritama, há casos de empreendedores e empreendedoras financeiramente bem sucedidos, mas a maioria das pessoas trabalha exaustivamente e só consegue sobreviver e manter uma vida modesta. A cidade inteira depende da produção e do comércio do jeans, uma atividade não essencial que foi paralisada por meses em 2020 por conta do lockdown, e tende a se recuperar lentamente em 2021, apesar do crescimento descontrolado da pandemia no Brasil. O que ocorreu na cidade? Como as pessoas estão enfrentando o falso dilema de trabalhar para sobreviver ou se proteger do vírus para não adoecer? Como uma população acostumada a não contar com o poder público nem para ter água encanada reage a uma realidade em que as decisões e omissões do Estado interferem diretamente na saúde, na renda, na liberdade e na sobrevivência das pessoas? O que essa realidade atípica revela sobre todas e todos nós?
 
São muitos os conflitos entre o modo de vida em Toritama e as limitações decorrentes da pandemia. Essas são algumas questões que nos ajudarão a desenvolver novos temas, diferentes daqueles abordados no filme "Estou me guardando...".  A ideia de voltar à cidade com a mesma equipe e saber o que as pessoas acharam do filme já se apresenta como um interessante dispositivo de entrada, mas há muitas possibilidades abertas e nos parece cedo para definir temas. Temos algumas intuições, como, por exemplo, a de que esse será um filme mais existencial, por isso, talvez devêssemos olhar além do trabalho, chegar mais perto das pessoas e sua vida pessoal, ou o que restou dela nesses tempos. Com a pesquisa de campo e as pré-entrevistas, teremos mais clareza de quais são os conflitos vividos atualmente em Toritama e quais temas têm mais potencial para o filme.


PESQUISA DE CAMPO - FASE 1

Realizada no final de janeiro, com duração de 4 a 5 dias de imersão em Toritama. Antes de partir, fizemos uma reunião para mapear temas e abordagens possíveis. O objetivo é reencontrar personagens do filme "Estou me guardando pra quando o carnaval chegar", conversar com o maior número de pessoas possível e, também, observar a cidade, a feira, as facções, a produção e venda do jeans. Até lá, faremos alguns contatos à distância, por telefone, e muita pesquisa literária. Para a fase 1 da pesquisa de campo, contaremos com a assistência da socióloga Clarissa Galvão, que irá viajar a Toritama junto com Karina Nobre. Durante toda a pesquisa de campo, faremos reuniões remotas com Marcelo Gomes.
ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO ROTEIRO
Após a primeira etapa da pesquisa de campo, é o momento de organizar o material. Editar imagens, áudios, vídeos, transcrever entrevistas, reler e rever tudo e, em seguida, fazer reuniões sobre o desenvolvimento do roteiro, listando as possíveis personagens e locações. Aqui já podemos começar a imaginar algumas cenas e temas para o roteiro, o que nos ajudará a fazer uma segunda fase da pesquisa de campo com mais precisão e objetividade.
PESQUISA DE CAMPO - FASE 2
A segunda etapa da pesquisa de campo acontecerá no final do mês de fevereiro, um pouco depois do carnaval. Em anos normais, nessa época, espera-se que a cidade comece a retomar o ritmo mais acelerado de produção com a proximidade do festival do jeans, as festas de época como o São João e a volta às aulas. Vamos ver como estará Toritama nessa época e o que as pessoas fizeram na semana de carnaval. A viagem promete ser mais produtiva do que a primeira fase, pois teremos mais caminhos traçados e possibilidades mapeadas para a pesquisa e o desenvolvimento do roteiro. O editor e roteirista Gustavo Campos vai integrar a equipe junto com Karina Nobre, fazendo assistência de pesquisa e captação de imagens.
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